Descrição do livro:
Medo, reverência, Terror: Quatro ensaios de iconografia política, Em textos dedicados à história das
representações artísticas da política, o autor de O queijo e os vermes investiga os significados de gestos,
objetos e palavras em momentos determinantes do imaginário visual do Ocidente. O visual nos oferece nossas
imagens armazenadas, nossos pontos subliminares de referências, nosso inaudito ponto de contato. A
formulação do historiador britânico Raphael Samuel (1934-96) como que perpassa o método analítico de Carlo
Ginzburg nesta reunião de ensaios sobre as faces da política na arte. Tendo como foco principal o papel do
medo e paixões a ele relacionadas em obras visuais planejadas para comover politicamente o público a que se
destinam – e assim persuadi-lo -, o historiador italiano dá continuidade a uma vertente de interpretação
esboçada por Aby Warburg há mais de cem anos. Como demonstram seus manuscritos, esse decano de toda
uma geração de eminentes historiadores da arte no século XX foi obcecado pela sobrevivência de certas
fórmulas de emoções [Pathosformeln] ao longo da história visual dos povos do Ocidente. Por exemplo, as
expansões de gozo erótico de uma mênade helenística podem reaparecer, com sentido invertido, nos gestos
de dor de uma Madalena ao pé da cruz do Quattrocento florentino. Apesar de não ter se desenvolvido num
tratado exclusivo, esse achado de Warburg continua com potencial de fertilizar todo um campo de estudos
sobre a visualidade do horror e da dominação em obras artísticas de cunho político. Ginzburg inclui no
repertório de Pathosformeln rastreadas desde o gesto acusador de Lorde Kitchener em cartazes de
alistamento militar durante a Primeira Guerra Mundial (mais tarde imitado por Tio Sam) até o vanguardismo
estético e ideológico de Guernica, passando por seus antecedentes plásticos e literários na Antiguidade
clássica, na Idade Média e no Renascimento.