Descrição do livro:
Primeiro romance escrito em inglês por Vladimir Nabokov, “A Verdadeira Vida de Sebastian Knight” é um dos
livros mais impressionantes do autor. Ao criar uma paródia de uma narrativa policial – com suas pistas,
reviravoltas e suspense -, ele constrói um impressionante relato sobre um homem que tenta desvendar a vida
de seu meio-irmão, um consagrado (e misterioso) escritor.
Criador de obras intricadas e originais, este escritor viveu seus últimos anos recluso, atormentado pelo amor
não correspondido por uma misteriosa amante russa. Após sua morte, o narrador, denominado apenas “V.”,
decide relatar, em livro, a verdadeira história do meio-irmão. Entrevista conhecidos e, como um detetive, segue
indícios que podem revelar um pouco mais de sua trajetória. Pretende também desbancar a outra biografia de
Sebastian, escrita por um certo Sr. Goodman, que, segundo ele, está repleta de erros grosseiros.
A biografia que “V.” mesmo compõe, no entanto, é cheia de detalhes imaginativos e relatos que, na mão de
outros autores, teriam pouca ou nenhuma utilidade. Mas o narrador persiste, e a história que traça, cada vez
mais fantasiosa, transforma-se numa missão detetivesca quando ele finalmente se põe no encalço do último
amor de Sebastian.
Publicado originalmente em 18 de dezembro de 1941, após três anos de tentativas frustradas do autor de
vendê-lo para editoras americanas e européias, A verdadeira vida de Sebastian Knight traz o melhor da ironia de
Nabokov. Na época, o livro acabou se tornando um clássico restrito a um seleto grupo de intelectuais norteamericanos. Para o crítico e especialista na obra de Nabokov, Brian Boyd, o fato dele ter sido lançado a menos
de duas semanas do ataque a Pearl Harbour pode ter contribuído para reduzir a divulgação do romance.
Ao contrário do que a mítica em torno de seu nome poderia levar a crer, Vladimir Nabokov não era avesso à
fama ou a entrevistas. Concedeu inúmeras ao longo de sua carreira de escritor e tinha uma característica
peculiar: gostava de redigir algumas para os repórteres, inclusive as perguntas. Para a Vogue americana, por
exemplo, explicou numa entrevista em 1969:
“Se eu acho que um escritor deve dar entrevistas? Por que não? É claro que no sentido restrito, um poeta, um
romancista, não é exatamente uma celebridade (…) Não posso simpatizar por alguém que tenha mais interesse
em me conhecer do que aos meus livros. Como um espécime humano, não apresento nenhuma característica
fascinante. Meus hábitos são simples, meus gostos são banais.(…)Eu realmente não acredito que falar de mim
ajuda a vender meus livros. O que realmente me agrada em falar para o público é a oportunidade que isso me
dá de construir a imagem do que eu espero ser uma personalidade plausível e não completamente
desagradável.”
Para o crítico literário, jornalista e amigo Edmund Wilson, Nabokov escreveu várias cartas. É numa dessas
correspondências que Wilson faz seu primeiro elogio a Sebastian Knight, cujos originais lhe haviam sido
enviados pela editora que o estava lançando.
“Fico feliz que você tenha gostado deste pequeno livro. Como acho que já te contei, o escrevi há cinco anos,
em Paris, usando como escrivaninha o utensílio chamado bidet. Nós morávamos num pequeno quarto e eu
tinha que usar o banheiro como escritório”, respondeu Nabokov ao crítico em 1941.
Nesta mesma conversa, Wilson diz a Nabokov que estava completamente encantado com o livro e, sobretudo,
impressionado como ele havia conseguido escrever o primeiro livro em inglês com estilo próprio e inovador,
sem soar parecido a nenhum outro autor americano, o que até então era justamente o temor do escritor russo:
“O que me tortura quando tento escrever prosa imaginativa em inglês é que eu posso inconscientemente estar
copiando o estilo de um escritor inglês de segunda categoria, embora eu saiba que teoricamente, forma e
conteúdo são únicos.” A leitura do impactante Sebastian Knight confirma a tese de seu autor.