A Modernidade e os Modernos – Biblioteca Tempo Universitário – Vol. 41 – Walter Benjamin


Descrição do livro:

Aimagem do artista de Baudelaire aproxima-se da imagem do herói. Eles se equivalem mutuamente desde o início. Aforça de vontade, assim se lê no Salon de 1845, deve ser um dom realmente precioso e aparentemente nunca se utiliza em vão, pois é suficiente para emprestar algo de inconfundível “... mesmo a obras de segunda categoria... O espectador aprecia o esforço; ele bebe o suor”. Nos Conseils aux jeunes littérateuts do ano seguinte encontra-se a bela fórmula em que aparece a “contemplation opiniâtre de l’oeuvre de demain“ como a garantia da inspiração. Baudelaire conhece a “indolence naturelle des inspires”. Musset nunca teria compreendido quanto trabalho é necessário “para criar uma obra de arte de uma fantasia”. Baudelaire, pelo contrário, apresentava-se desde o início perante o público com um código próprio, com regras e tabus próprios. Barrés pretende “reconhecer no mais insignificante vocábulo de Baudelaire o vestígio dos esforços que lhe deram a grandeza”. “Baudelaire conserva algo de sadio até em suas crises nervosas, escreve Gourmont”. Aapreciação mais feliz é do simbolista Gustave Kahn, quando diz que “o trabalho poético se parecia em Baudelaire com um esforço físico”. Encontra-se na obra deste uma prova desta afirmação — em uma metáfora que merece ser analisada mais de perto.