Descrição do livro:
Aimagem do artista de Baudelaire aproxima-se da imagem do herói. Eles se equivalem mutuamente
desde o início. Aforça de vontade, assim se lê no Salon de 1845, deve ser um dom realmente precioso e
aparentemente nunca se utiliza em vão, pois é suficiente para emprestar algo de inconfundível
“... mesmo a obras de segunda categoria... O espectador aprecia o esforço; ele bebe o suor”. Nos
Conseils aux jeunes littérateuts do ano seguinte encontra-se a bela fórmula em que aparece a
“contemplation opiniâtre de l’oeuvre de demain“ como a garantia da inspiração. Baudelaire conhece a
“indolence naturelle des inspires”. Musset nunca teria compreendido quanto trabalho é necessário “para
criar uma obra de arte de uma fantasia”. Baudelaire, pelo contrário, apresentava-se desde o início perante
o público com um código próprio, com regras e tabus próprios. Barrés pretende “reconhecer no
mais insignificante vocábulo de Baudelaire o vestígio dos esforços que lhe deram a grandeza”.
“Baudelaire conserva algo de sadio até em suas crises nervosas, escreve Gourmont”. Aapreciação mais
feliz é do simbolista Gustave Kahn, quando diz que “o trabalho poético se parecia em Baudelaire com
um esforço físico”. Encontra-se na obra deste uma prova desta afirmação — em uma metáfora que
merece ser analisada mais de perto.