A Ladeira da Memória – José Geraldo Vieira


Descrição do livro:

A Ladeira da Memória foi, de longe, o romance mais lido e reeditado de José Geraldo Vieira. A começar pelo lançamento no início de 1950, pela Coleção Saraiva, com uma impressionante tiragem de 45 mil exemplares (nada menos que a maior edição de um romance brasileiro até aquela data), seguida por uma reimpressão, pela coleção Jabuti, da mesma editora, em 1952. Anos depois, nas décadas de 60 e 70, surgiram reedições pela Martins e pelo Círculo do Livro, até que finalmente, em 2003, apareceu, pela editora Planeta, uma derradeira e muito bem-cuidada edição. E ainda que outros livros de José Geraldo, como A Mulher que Fugiu de Sodoma (1933), A Quadragésima Porta (1943) e O Albatroz (1952), tenham causado mais barulho entre a crítica, nas seções de literatura dos jornais de suas respectivas épocas, eu não hesitaria, hoje, em situar A Ladeira entre as mais refinadas realizações romanescas do Autor. O livro traz todas as marcas registradas do estilo de José Geraldo Vieira: o cosmopolitismo, os diálogos com a arte contemporânea, as inúmeras referências autobiográficas, as questões éticas assombrando os protagonistas. Além disso, este talvez seja um de seus romances mais intimistas e tensos, conduzido pelo arrebatador caso de amor, não resolvido, entre Jorge e Renata. É mais ou menos nessa linha que vai Alfredo Bosi, quando afirma que “o seu refinamento vai mais fundo e chega mais longe enquanto molda criaturas extremamente instáveis e nervosas, incapazes de situar e de resolver os seus conflitos fora dos quadros culturais da literatura e da arte. A herança da belle époque, do art nouveau, é sensível na construção de sua obra; mas seria precipitado classificar como ‘mundano’ um romance como A Ladeira da Memória, onde há lugar para vigorosos lances existenciais”.