Descrição do livro:
Uma parábola sobre os tempos atuais, por um de nossos maiores pensadores indígenas.
Ailton Krenak nasceu na região do vale do rio Doce, um lugar cuja ecologia se encontra profundamente afetada
pela atividade de extração mineira. Neste livro, o líder indígena critica a ideia de humanidade como algo
separado da natureza, uma “humanidade que não reconhece que aquele rio que está em coma é também o
nosso avô”.
Essa premissa estaria na origem do desastre socioambiental de nossa era, o chamado Antropoceno. Daí que a
resistência indígena se dê pela não aceitação da ideia de que somos todos iguais. Somente o reconhecimento
da diversidade e a recusa da ideia do humano como superior aos demais seres podem ressignificar nossas
existências e refrear nossa marcha insensata em direção ao abismo.
“Nosso tempo é especialista em produzir ausências: do sentido de viver em sociedade, do próprio sentido da
experiência da vida. Isso gera uma intolerância muito grande com relação a quem ainda é capaz de
experimentar o prazer de estar vivo, de dançar e de cantar. E está cheio de pequenas constelações de gente
espalhada pelo mundo que dança, canta e faz chover. […] Minha provocação sobre adiar o fim do mundo é
exatamente sempre poder contar mais uma história.”
Desde seu inesquecível discurso na Assembleia Constituinte, em 1987, quando pintou o rosto com a tinta preta
do jenipapo para protestar contra o retrocesso na luta pelos direitos indígenas, Krenak se destaca como um
dos mais originais e importantes pensadores brasileiros. Ouvi-lo é mais urgente do que nunca. Ideias para adiar
o fim do mundo é uma adaptação de duas conferências e uma entrevista realizadas em Portugal, entre 2017 e
2019.