Descrição do livro:
Eis uma coletânea de poemas de forte contemporaneidade. Nela a temática se propõe revestida dos sinais que
ligam o leitor aos objetos do co¬tidiano. Vejam-se os poemas Leite Moça e Fax, que se abre notavelmen¬te:
“Avise ao mundo que estou para chegar.” Leve e alegre ironia controla o transbordamento sentimental:
“Embarco num ponto de exclamação!”, diz o poema Pontuação. Há quem sustente que a poesia é justamente o
campo da exclamação. Aqui o coloquial desmonta o aparato da retórica melodramática: “não sei nadar, nem
falo alemão”, diz a poeta em Ao leitor desconhecido. E Flora Figueiredo não se con¬tenta com a parte
confessional de suas composições. Abre as janelas pa¬ra exprimir seu espanto vivencial, ao traduzir o convívio
com os outros. È por aí que a dimensão social se anun¬cia. O poema A fila celebra um dos traços da
massificação programada. E, em Tema antigo, ela introduz uma singularidade que tem amplitude global, ao
simbolizar o estrato excluí¬do dos favores da civilização: “Mas caco de vidro, cuspe, navalha, boné / malandro,
menino, bandalho, Zé.